Janaina Cunha Melo
EM Cultura 15/04/2008
Foto: Eduardo Ferraz/Divulgação
A pesquisadora Cecília Cavalieri França usa criatividade para estimular interesse pela música.
A pesquisadora Cecília Cavalieri França lança o livro Para fazer música terça (dia 15) à noite, na Leitura do Pátio Savassi. O trabalho, resultado de 25 anos dedicados à musicalização infantil, propõe novo método para o ensino de música nas escolas e é voltado para estudantes entre 7 e 9 anos. Escrito sob orientação do professor inglês Keith Swanwick, o livro propõe integração entre a escuta e a performance, visando ao desenvolvimento da compreensão musical de forma organizada e criativa. Mais que formar instrumentistas, o método quer fazer da matéria instrumento de formação humanística sensível, atenta à diversidade de sons, cores e formas de apreciar a realidade.
Ph.D em Educação Musical pela London University, a professora da Escola de Música da UFMG conta que Para fazer música está entre os cinco títulos que representam a instituição na Mostra do Livro Universitário da América Latina e o Caribe, em junho deste ano, na Colômbia. “Nem ocorreu o lançamento e o trabalho já tem projeção internacional. É uma conquista importante para ficamos mais perto de ter de volta o ensino da música nas escolas”, diz. Ela defende o Projeto de Lei 330/2006, que prevê a volta da obrigatoriedade desta matéria no currículo escolar. Mas Cecília Cavalieri lembra que existem novos desafios a serem superados. Entre eles, a capacitação do corpo docente para lidar com tema específico, e a reflexão sobre o tipo de abordagem a ser feita com os alunos.
“Não procuro ensinar só teoria musical e os aspectos técnicos dos sons, como grave e agudo, longo ou curto. A intenção é principalmente usar essas informações de forma organizada, que favoreça uma maneira expressiva de comunicação”, explica a pesquisadora. O livro, que ensina notação musical, ritmos e outros elementos, tem caráter multidiscplinar e interage com disciplinas como história, geografia, literatura, matemática, e artes em geral. E ainda oferece à criança meios para descobrir os sons por meio do corpo, da voz e de instrumentos de fabricação própria, caseira. “A música são muitas, não ocorre num vazio estético. Ao contrário, ocorre permeada por várias situações. Por isso o livro tem tantas provocações visuais, que instigam a criança”, diz.
Gosto crítico Cecília Cavalieri observa que são muitas as variáveis para a iniciação musical em idade infantil, e que a abordagem proposta pelo livro não é fonte única para o ensino, mas se empenha para que o método seja difundido com amplitude. O trabalho está sendo adotado por escolas da rede pública e particular, com bons resultados. “As crianças se envolvem e desenvolvem gosto crítico. Podem não crescer com intenção de se tornar um profissional desta área, mas, com certeza, serão mais sensíveis nas suas profissões e se tornarão público mais exigente”, diz. Todas as ferramentas de Para fazer música foram testadas previamente, segundo lembra a autora.
Para demonstração da eficácia do método, ela inicia série de oficinas da partir deste mês, quando começa a percorrer as escolas para trabalho com professores e alunos. Até novembro, ela também oferece oficinas gratuitas na Escola de Música da UFMG para professores. No lançamento, terça (dia 15), ela adianta que serão realizadas várias atividades com as crianças, incluindo construção de instrumentos e outras surpresas.
PARA FAZER MÚSICA - Leitura do Pátio Savassi, Av. do Contorno, 6.061, Savassi. Terça (dia 15), 19h30. Entrada franca.
Para quem não sabe, neste livro há um composição do integrante do Serelepe Gabriel Murilo. Muito legal!
Nenhum comentário:
Postar um comentário